segunda-feira, 23 de março de 2009

Ditadura Militar em Sergipe

Sergipe ficou sem eleger, diretamente, seu governador, por longos e exatos 20 anos. Nesta quadra discricionária, governaram Sergipe Celso de Carvalho, que na condição de vice assumiu o lugar de Seixas Dória, preso e deposto do Governo com o golpe militar de 1964; Lourival Baptista, indireto; João de Andrade Garcez, eleito indiretamente, para um mandato tampão, uma vez que Lourival Baptista renunciou para ser candidato a senador e o vice-governador, o professor Manoel Cabral Machado foi nomeado para o Tribunal de Contas do Estado; Paulo Barreto de Menezes, indireto, José Rollemberg Leite, indireto; Augusto Franco, indireto, renunciou em maio de 1982, assumindo em seu lugar o vice Djenal Queiroz, encerrando o ciclo do autoritarismo. Em 1982, ano das eleições diretas para governador do Estado, o quadro político sergipano apresentava, ainda, a força do PDS, sucedâneo da Arena, e do PMDB, que substituiu o MDB. A Arena tinha dois senadores – Lourival Baptista, indireto, também denominado “biônico” e Passos Porto -, e o MDB um – Gilvan Rocha. Na Câmara Federal, eleitos em 1978, o placar era de quatro deputados da Arena – Antônio Carlos Valadares, Francisco Rollemberg, Raimundo Diniz e Celso de Carvalho, e dois do MDB – Jackson Barreto e Tertuliano Azevedo. Na Assembléia, eleita em 1978, dos 18 deputados 12 era da Arena e seis do MDB, ainda assim um do MDB aderiu à Arena, passando as bancadas a 13 de um lado, e cinco do outro. O senador Gilvan Rocha apresentava-se como candidato a governador, credenciado pelo brilho do mandato de senador, que colocou Sergipe no plano nacional. No PDS não parecia haver um nome capaz de enfrentar o senador Gilvan Rocha na eleição direta, porque ainda havia lembrança viva da eleição de 1974, para o Senado, quando o jovem e desconhecido médico derrotou Leandro Maciel, a grande e longévua liderança da política sergipana, com larga margem. Dizia-se, à época, que o governador Augusto Franco elegeria quem quisesse, pelo prestígio que tinha juntado ao eleitorado, em razão do seu bom governo e por liderar, unido, o seu partido. O único que alimentava esperanças de ser candidato era o deputado federal Antônio Carlos Valadares, que trocou o mandato com a Secretaria de Estado da Educação, justo para cacifar sua indicação. Foi neste contexto que o nome de João Alves Filho passou a ser considerado. Ele tinha sido prefeito de Aracaju, nomeado pelo governador José Rollemberg Leite (1975-1979) e na Prefeitura deu uma outra imagem a capital sergipana, realizando obras essenciais e estruturastes, como a aquisição dos terrenos acrescidos de Marinha e edificado neles o bairro Coroa do Meio, que levou a cidade até a beira do mar.João Alves fez também a drenagem de águas pluviais, acabando com pontos críticos de inundação, implantando as ruas de pedestre, a começar pelo Calçadão da rua de João Pessoa, abertura de quase duas dezenas de grandes avenidas, ligando o centro aos bairros e facilitando o sistema de transporte entre os bairros. A boa administração de João Alves colocou seu nome na pauta das discussões políticas e depois de quatro anos da sua gestão a sua imagem continuava boa, como a novidade da política sergipana. O governador Augusto Franco, ouvindo o filho Albano Franco, o jornalista e empresário Orlando Dantas, o vice-governador Djenal Queiroz e outros amigos próximos optaram por lançar o nome de João Alves Filho ao Governo do Estado, contrariando o deputado federal Antônio Carlos Valadares que aspirava e aguardava a indicação e que terminou candidato a vice-governador.
Do outro lado, o candidato era o senador Gilvan Rocha. Completavam a disputa Marcélio Bonfim, pelo PT e Manoel Ferreira, pelo PDT. O prestígio de Augusto Franco, a coesão do PDS, foram fatores determinantes para a eleição de João Alves Filho governador, na primeira eleição que concorreu.

AUGUSTO FRANCO

Entrando na política pelas mãos de Leandro Maciel, da UDN, chegando a ser vice-presidente do Diretório Estadual, foi eleito pela ARENA deputado federal para a legislatura de 1967-1971, depois senador, 1971-1979, governador, (eleito indiretamente) de 1979-1982 e novamente deputado federal, de 1987-1991, já pelo PDS. No compacto de exatos 20 anos que militou politicamente, Augusto Franco defendeu a exploração dos minérios de Sergipe, a construção do Porto, e realizou um grande acervo de obras com o qual marcou sua gestão no Governo.
Construiu milhares de casas populares, incluindo o conjunto que leva o seu nome, na zona sul da capital, centenas de quilômetros de estradas principais e vicinais, asfaltadas, adutoras, dentre elas a Adutora do São Francisco, inaugurada em 1982, pelo então vice-presidente da República Aureliano Chaves, que considerou que aquela obra valia por um Governo, escolas, prédios públicos, inclusive os primeiros do Centro Administrativo, no bairro Capucho, e outras obras e serviços, atendendo aos reclamos de todos os municípios sergipanos.
Enfrentando tensões no campo, entre posseiros e proprietários, o governador Augusto Franco dialogou com as lideranças do Estado e interferiu em vários conflitos, chegando a desapropriar as terras da ilha de São Pedro, entregando-as a FUNAI para servir, definitivamente, aos descendentes dos índios Xocós.
Ao deixar o Governo, em maio de 1982, para ser candidato a deputado federal Augusto Franco recebeu 102. 006 votos, num universo de cerca de 320 votantes. Mesmo fora do Governo (foi substituído pelo vive governador Djenal Queiroz), Augusto Franco patrocinou as candidaturas de João Alves Filho, para governador, e Antonio Carlos Valadares, para vice-governador, derrotando os demais candidatos: Gilvan Rocha, Marcélio Bonfim e Manoel Ferreira. João Alves Filho - Antonio Carlos Valadares obtiveram 256.385 votos, Gilvan Rocha obteve 77.965 votos, Marcélio Bonfim 1.354 e Manoel Ferreira 1.133 votos.
Enquanto cumpria mandato na Câmara Federal, Augusto Franco assumiu a presidência do seu partido, o PDS, substituindo o José Sarney que assinou o Manifesto da criação da Frente Liberal, em apoio à candidatura de Tancredo Neves, contra a candidatura oficial de Paulo Maluf. Com o fim do mandato afastou-se das atividades políticas, passando a acompanhar a ascensão do filho Albano Franco, desde 1980, presidente da CNI e, desde 1982, senador da República e os mandatos de Antonio Carlos Franco como deputado federal, em 1986 e prefeito de Laranjeiras, em 1988. Augusto do Prado Franco morreu em Aracaju, aos 91 anos, em 15 DE DEZEMBRO DE 2003.

AUTOR: JOSENILDO ALVES DE ARAÚJO
BIBLIOGRAFIA:

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